Geração Internet

Mesa de barzinho. É onde geralmente esse papo aparece: "Já não fazem mais músicas como antigamente". "O que era para ter sido feito pela música já foi feito".

Pronto. É dado início uma discussão que não tem fim, porque você encontrará gente defendendo pagode, rock, samba, mpb, enfim, cada um expondo o seu ponto de vista. Porém, quase todos ao final da discussão chegam ao mesmo ponto de partida: "Já não fazem mais músicas como antigamente". "O que era para ter sido feito pela música já foi feito".

Bem, confesso que um dia também já pensei assim. Com o tempo, vamos observando melhor o mundo que está a nossa volta e percebemos que até a música ou, mais precisamente a forma como ela chega até nós, mudou. E é somente o esboço de uma grande mudança!

Voltando a frase que dá título a este post "Onde Estão os HITS?", eu acredito que eles estejam em TODOS os lugares. Você tem os seus hits, eu tenho os meus e os compositores continuam tão inspirados como antes!

Observando com atenção o mundo que estamos inseridos no início deste século, fica fácil perceber como as coisas mudaram desde que os BEATLES aconteceram para o mundo. Naquela época e até meados dos anos 90, as informações chegavam até nós partindo de pouquíssimos meios. Havia basicamente a TV, o rádio e os jornais e revistas.

Criar a concepção de um artista como os Beatles, os Rollings Stones, Madonna, Michael Jackson era muito mais fácil (logicamente era necessário talento). A gravadora após definir a estratégia de marketing para o artista em questão, comprava espaços na mídia, lançava clipes e aquilo rodava na TV e nas rádios de forma exaustiva.

De tanto ouvir o que nos era vendido através dos pouquísimos canais, tínhamos tempo para apreciar esse ou aquele artista de uma forma profunda. Nesse momento nasciam os 'fãs', que lotavam os estádios de shows desses artistas que são tão vangloriados até os dias de hoje.

Voltemos ao século 21. Perceba como as informações chegam até você. Você conhece novos artistas através da TV, da rádio e das revistas? Sim, claro. Mas esses meios não são mais tão influentes como foram no passado. Quanta coisa nova e boa você conhece através do iTunes, do Youtube (que destronou a MTV), do Google, Blogs e de tantos outros meios de mídia e pesquisa que a internet nos oferece?

Eu, por exemplo, conheço uma banda nova a cada semana, no mínimo. Como faço para me aprofundar nesses artistas novos se a cada dia milhares deles chegam até mim através do iTunes, Youtube, Google, Blogs...

Antigamente poucas meios eram utilizados para influenciar milhões de pessoas. Hoje, neste início de século, milhões de meios são utilizados para influenciar uma única pessoa: VOCÊ. Agora coloque isso em uma escala mundial e pense. É possível que estejamos em um dos maiores momentos em se tratando de música, movimentos artísticos (e isso vale para todas as indústrias, sejam elas do entreteminemto ou de qualquer outro ramo). Nunca foi possível uma banda de garagem estourar da noite para o dia, nos apresentando hits bombásticos da forma como vem acontecendo.

Antigamente as gravadoras ditavam tendências. Hoje não mais. Hoje cabe a nós consumidores escolher o que é hit ou não (quando falo em hit, não me refiro somente a música, mas a qualquer produto de sucesso). Não há mais uma unidade sonora. Hoje você ESCOLHE o novo artista que quer ouvir, seja ele retrô, new wave, new rave, eletrônico, contemporâneo, futurista. É como se existissem, ao mesmo tempo, os anos 50, 60, 70, 80, 90 e os atuais 00. Se você parar para pensar, existe mesmo mais de 1 representante para cada década passada. Isso é genial. É a democratização total.

Não há mais imposição. VOCÊ ESCOLHE o que será sucesso. TUDO PODE VENDER, TUDO PODE SER OUVIDO. Neste mundo conectado, HÁ ESPAÇO PARA TODOS!

Ps.: Neste texto procurei abordar a indústria da música. Porém, acredito que seja válido para qualquer indústria. Recomendo o livro A CAUDA LONGA, de Chris Anderson, que trata desse assunto de uma forma magnífica.