terça-feira, setembro 18, 2007

Como será o Mundo Digital em 2020? - Parte IV - Música

Chegamos na 4ª Parte do especial "Como será o Mundo Digital no ano de 2020". Confesso que estou tendo dificuldades em colocar tudo que imagino em tão pouco espaço, tendo sempre o cuidado para não me estender demais, tendo em vista que estou escrevendo para um blog, e também para não passar por cima de idéias que poderiam ser melhor exploradas.

Mesmo assim, vamos em frente. O tema deste post será sobre a INDÚSTRIA DA MÚSICA: Quais serão os impactos que o Mundo Digital irá impor para as gravadoras, além dos já correntes? Haverá gravadoras em 2020? Será mais difícil emplacar, devido a quantidade e variedade que a Web nos oferece? Os CDs irão mesmo acabar?

Muitas destas questões até conseguimos discorrer com certa facilidade, tendo em foco os impactos atuais causados pela tecnologia. Procurarei não focar no HOJE, mas em 2020, nas POSSIBILIDADES. Sempre gosto de deixar isto bem claro, desde a 1ª parte deste especial. Here we go again...

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THE POLICE

Conhecer novos artistas hoje é, sem sombra de dúvida, muito mais fácil do que em qualquer época na história. Tem-se até a impressão de existir mais gente no ofício de músico. A Internet possibilitou, mais do que nunca, a aproximação de culturas distantes no mapa, mas que, através dela Web, se tornaram-se vizinhas e até chegam a compartilhar do mesmo 'bairro'. Eu, sinceramente, nunca vi tanta gente ouvindo música como agora. É impossível sair na rua e não perceber alguém com fones de ouvido, balançando a cabeça, batendo o pé, batucando. Há tempos atrás, quem usava fones de ouvido nas ruas, era 'descolado'.

Com tudo isso, a indústria fonográfica assiste, pasma, a essa evolução que não para mais. Assisti ontem, um programa onde um dos diretores de uma grande gravadora declarou: "Não estamos mais na fase da transição. A transição já passou. Foi ontem. E nós estamos atentos aos novos formatos. Acredito que nos próximos anos, as gravadoras ressurgirão através de um outro modelo, mais maduras". No mesmo programa, um dono de loja de discos declarou: "Para mim, o grande vilão foi o CD. As gravadoras têm grande parcela de culpa por adotarem o modelo". Bem, cada um tem o direito de defender a sua opinião e, principalmente, o seu negócio.

MUDANÇA DE ÉPOCA
Uma coisa é certa: não há mais como sustentar o modelo atual. Se agora que a Internet começou a mostrar do que é capaz, tudo isso é só o início. Sim, leva tempo para o mundo se acomodar a esse 'terremoto'. Kevin Kelly, fundador da revista Wired, foi muito feliz em sua colocação: "Não estamos mais em uma época de mudança, mas sim em uma MUDANÇA DE ÉPOCA". Acho que ele deixa bem claro porque o mundo está passando por todo esse período de incerteza. "Um investimento perfeitamente sensato na segunda-feira pode se tornar uma especulação tola no dia seguinte", disse Robert J. Samuelson, colunista da Revista NewsWeek, na Época Negócios deste mês.

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ARCTIC MONKEYS: Promovidos pela Web

Além das mudanças que todos os mercados estão enfrentando, a indústria da música agora passa a ser refém da tecnologia. E as pessoas começam a perceber isso. Descobri, semana passada, 2 sites bastante curiosos. O primeiro deles, o SELLABAND propõe um modelo de negócios completamente oposto do atual vigente. O conceito, chamado de Crowdfunding, que nada mais é do que a economia da doação, partindo do princípio que você conhece o receptor e sente prazer em ajudá-lo, para que ele consiga alcançar um status que, de alguma forma, também irá beneficiar você. Para saber como funciona o serviço, acesse o post sobre Crowdfunding e o Sellaband no Update Or Die, clicando aqui.

O outro é o Hype Machine, que foi mencionado na nossa Rolling Stone, deste mês. O site é como um GOOGLE voltado exclusivamente para descobrir novas bandas. Você simplesmente digita o nome do artista em uma caixa e clica em search. Em seguida, o serviço reúne várias informações sobre a banda, incluindo MySpace, link para a compra do CD na Amazon ou do arquivo digital no iTunes, link para Blogs que estão falando do artista e um link para ouvir a música, geralmente hospedada no blog onde ela foi mencionada.

Não é necessário o download de Mp3. Com isso, o serviço trabalha dentro do que se diz "legalidade" (e se fosse ilegal? seria até 2020?). Para testar o serviço, busquei pela banda inglesa ARCTIC MONKEYS. Para minha surpresa, o sistema retornou vários links, um deles com uma versão rara de You Know That I'm Not Good, da inglesa Amy Winehouse, executada por eles próprios.

5 POSSIBILIDADES PARA 2020
Dados estes exemplos, vamos TENTAR IMAGINAR como poderá ser o 'negócio da música' no ano de 2020:

1. Os shows serão SEMPRE transmitidos através dos portais (portais? até lá, como já falei aqui, serão uma espécie de Second Life evoluído). Para assistí-los, o usuário pagará uma taxa, e terá o direito de assistir ao show na íntegra. Em 2020 não haverão mais as dificuldades atuais com a transmissão de dados em massa. A qualidade das imagens transmitidas pela Web, avançará de forma espantosa, e será possível comprar o pacote inteiro da turnê de seu artista predileto.

2. Foi ao show? Gostou da música? Se estiver com um iPod (ou algo do gênero), Celular ou um MOBILE qualquer, poderá fazer o download, via Wireless, de todo o show, minutos após o seu fim. A concorrência entre artistas será pela DISTRIBUIÇÃO de material.

3. Como não haverão mais gravadoras, pelo menos não como as conhecemos hoje, haverá gente especializada em divulgar artistas na Web. Sempre será necessário que haja alguém para organizar essa parte. Como já está provado que sem gravadora é possível até ir mais longe, como já fizeram CSS e Bonde do Rolê, entre outros, estar bem colocado na rede será como ter uma fita DEMO: Primordial.

4. Como será mais difícil fazer SUCESSO em escala global por muito tempo, devido a grande variedade e facilidade com que as pessoas descobrem novos talentos, haverá um ciclo de artistas cada vez menor. 40, 50 anos de carreira? Rolling Stones, Madonna, Michael Jackson? NUNCA MAIS! Acostume-se a discutir cada vez mais no boteco: "As bandas antigas é que eram boas. Duravam 20, 30 anos...".

5. Como ainda estaremos lutando por TEMPO, lançar álbuns como é feito hoje, com até 15 faixas, será algo completamente fora de questão. Como haverão mais artistas em evidência que hoje (mesmo que por menos tempo), lançar um disco duplo então, será um ato insano. As bandas irão gravar gradualmente, durante o ano. Com isso irão conseguir prender, por mais tempo, a atenção de seus seguidores. Como não dependerão de gravadoras, assim que houver inspiração, gravarão algo.

Ah, os CDs? Acho que eles não irão acabar. Mas serão rebaixados da posição atual que ocupam: servirão apenas de cartão de visita =D

O que mais você acrescentaria nesta lista? Sugira através dos comentários. Até a Parte V!

UPDATE: Assista ao vídeo abaixo, que tenta imaginar como será a MÍDIA em 2050. Vale à pena!



Leia também:
Parte I: A TV e a Internet no ano de 2020
Parte II: Os Mp3 Players no ano de 2020
Parte III: O Cinema no ano de 2020